Gabriela Carvalho/Cipem
Gestão sustentável das florestas nativas em Mato Grosso reuniu representantes de instituições ambientais, governamentais e empresariais de âmbito estadual, nacional e internacional. O tradicional evento de campo “Dia na Floresta” aconteceu em Alta Floresta, município localizado na Amazônia mato-grossense, a 803 quilômetros ao norte de Cuiabá, com o propósito de desmistificar o manejo florestal em propriedades privadas. Durante 5 dias, entre 17 a 21 de junho, foram promovidas palestras, rodadas de negócios e visitas técnicas às áreas de manejo florestal e às indústrias.
A abertura oficial da 5ª edição do Dia na Floresta, organizada pelo Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem) em parceria com o Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF) e com apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso (Sedec), Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), contou com a participação do vice-governador Otaviano Pivetta e foi realizada na sede do Sindicato dos Madeireiros do Extremo Norte do Estado (Simenorte), no último dia 20.
O vice-governador de Mato Grosso reforçou a importância da atividade do manejo florestal sustentável para alcançar a meta do Estado de zerar emissões de carbono até 2035. “O setor madeireiro é um segmento cada vez mais importante. Afinal, a conservação da floresta (por meio do manejo florestal) é sequestro de carbono, sustentabilidade e melhoria de vida para todo mundo”, afirmou durante a solenidade de abertura oficial da 5ª edição do Dia na Floresta.
Para o presidente do Cipem, Ednei Blasius, o apoio de diferentes entidades do setor público e privado foi fundamental, agregando participantes de vários estados brasileiros que puderam conhecer na prática o sistema de manejo florestal, a rastreabilidade e a sustentabilidade na produção de madeira em Mato Grosso. Os participantes também puderam constatar como a indústria madeireira contribui para o desenvolvimento socioeconômico local, gerando empregos e renda. “Esse evento foi um marco para o setor de base florestal e gostaria de agradecer aos nossos parceiros: Fiemt, Sedec, Sema e governo de Mato Grosso”, destacou.
Atualmente as áreas abarcadas por Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) ocupam 5,025 milhões de hectares no território mato-grossense e há potencial para avançar para 6 milhões (ha) manejados, contribuindo para mitigação de emissões de gases poluentes e, consequentemente, das mudanças climáticas. Durante a 5ª edição do Dia na Floresta os participantes vivenciaram na prática e in loco como funciona o sistema produtivo das indústrias madeireiras locais. As atividades foram divididas em duas etapas. Primeiramente os visitantes estiveram em uma Unidade de Produção Anual (UPA) para atividades educativas e interativas voltadas para operacionalização de um Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) onde ocorreram demonstrações do processo de colheita e transporte de árvores autorizadas e previamente selecionadas em consonância com a legislação ambiental. Também foi realizada visita à indústria para comprovação da origem legal da madeira, verificação do processo de beneficiamento da tora e conversão em seus subprodutos, como deck, forro e lambril.
Coordenador geral de Fomento Florestal do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), o engenheiro florestal Fernando Castanheira destacou a importância do evento de campo Dia na Floresta para desmistificar a produção madeireira a partir dos planos de manejo florestal sustentável. “Muito importante para perceber a realidade e o dia a dia de quem produz com sustentabilidade, trazendo diferentes atores, dos poderes Executivo, Legislativo, da ciência e órgãos ambientais”, registrou. Para Castanheira, a multiplicidade de participantes que prestigiaram o evento espelha a própria diversidade da sociedade brasileira, que deveria ser pro-meio ambiente e pro-manejo florestal. “Mas, ainda persiste uma visão deturpada do processo (de manejo florestal)”, opina. “Por isso, ações como essas são muito bem-vindas e deveriam ser multiplicadas para toda Amazônia em prol do manejo florestal e do uso sustentável dos recursos florestais brasileiros”, defende.
Para o gerente de Recursos Naturais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mario Cardoso, é necessário que representantes de diferentes setores da sociedade civil organizada atuem de forma integrada e por meio de variados mecanismos para proteger e conservar a vegetação nativa. “É importante que a gente veja como acontece na prática toda regulamentação. Muitas vezes se constrói regulações e legislações em escritórios lá em Brasília que interferem negativamente no manejo florestal”, afirmou. “É preciso avaliar o manejo florestal como uma estratégia de manutenção da floresta em pé”, defendeu, acrescentando que são possíveis combinações de soluções para proteger o meio ambiente e promover o desenvolvimento econômico sustentável.
“Vejo com otimismo o manejo florestal sustentável como um caminho para preservação da Amazônia”, complementou a conselheira do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e representante da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Patricia Boson, destacando a relevância da rastreabilidade da madeira nativa. Superintendente de Agronegócios e Créditos da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Linacis Silva reforça que o manejo florestal sustentável contribui para conservação da floresta, mitigação do efeito estufa e da crise climática por meio do sequestro de carbono, além de oportunizar retorno econômico, gerando emprego e renda. “Por isso, o governo do Estado é parceiro do setor de base florestal em diversas atividades, como a atualização recente de um herbário de 32 espécies (arbóreas nativas de interesse comercial)”.
Presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado de Mato Grosso (Sindusmad), Felipe Antoniolli finalizou dizendo que o setor de base florestal buscou demonstrar para representantes de órgãos ambientais, durante a 5ª edição do Dia na Floresta, que a técnica de manejo contribui para conservação da vegetação nativa. “Manter a floresta em pé significa a perenidade do setor de base florestal”.
Também participaram das atividades representantes da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), Secretaria Nacional de Planejamento do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade da Paraíba (Semas), Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena), Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente (Anama), Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Acre (Sema), Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam), Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema/RN), Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Fundação de Proteção ao Meio Ambiente e Ecoturismo do Piauí (Fundapi), Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente da Advocacia Geral da União (AGU), Fundação Pró Natureza (Funatura), Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Tocantins (Semarh), Administração Estadual do Meio Ambiente de Sergipe (Adema), além do SFB, Sema, Sedec, Fiemt, FNBF, CNI e Cipem.
Rodada de negócios – Dez compradores internacionais de 7 países e 30 empresas brasileiras participam de rodadas de negócios envolvendo madeira nativa produzida em áreas de manejo florestal sustentável em Mato Grosso. Foram mobilizados pela ApexBrasil importadores da África do Sul, Alemanha, Bélgica, França, México, Polônia e Uruguai.